O Luciferianismo é uma doutrina derivada do
Satanismo, que busca virtudes como
iluminação, sabedoria, orgulho, independência e liberdade de sua principal
divindade, Lúcifer. Ao mesmo tempo é subjetivo, baseado em experiências e
aceitação pessoais, sofrendo influências de outras crenças. Assim, não possui
uma base rígida de dogmas a serem seguidos, sendo transmitido oralmente e
praticado, geralmente, de forma individual.
Historicamente, não há uma origem precisa sobre o início do
Luciferianismo. Mas há um conjunto de conceitos que se desenvolveu ao longo dos
tempos em várias culturas distintas e resultou no Luciferianismo conhecido
atualmente.
As serpentes e os dragões, que são representações de Lúcifer em
várias culturas, são também símbolo de sabedoria e eternidade. Estes animais
eram alvos de adoração no Egito, Babilônia, Pérsia, e entre os Incas americanos.
Assim, podemos supor que esta filosofia já era praticada há muitos séculos.
Na Bíblia podemos encontrar várias alusões à serpente:
"Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos
olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal" (Gênesis – Cap. III –
Versículo V). Neste versículo, a serpente induz Eva a comer o fruto no Éden. Mas
segundo a interpretação dos luciferianistas, encontra-se claramente a simbologia
da serpente como portadora da chave que possibilita o homem tornar-se Deus.
Ainda, na Europa medieval, precisamente no ano de 1223, havia
boatos sobre um grupo conhecido como Luciferianos. Na verdade, esta "seita" era
composta apenas por pessoas que recusavam-se a pagar os impostos exigidos pelo
Clero, e por esse motivo foram acusados de "adoradores do demônio" e,
obviamente, vítimas da
Santa
Inquisição. Embora isso seja apenas um boato, ainda hoje é usado como um
argumento metafórico pelos luciferianos.
Deístas e
Agnósticos
Num
aspecto geral, o Luciferianismo pode ser subdividido em duas categorias, nas
quais as denominações variam e não são tão significativas para sua compreensão.
As modalidades são conhecidas como Deísta e Agnóstico, Tradicional ou Moderno
(termos absorvidos do Satanismo), etc.
Os adeptos do Luciferianismo Deísta identificam Lúcifer como o
criador do universo, um ser onipresente e onipotente. Neste caso, Lúcifer assume
as características principais de uma divindade.
Os luciferianos agnósticos vêem Lúcifer como um arquétipo, ou
seja, uma referência de virtudes que são visadas por seus adeptos. Esta variação
é nitidamente influenciada pelo Satanismo moderno promovido por Anton LaVey, no
qual não há uma divindade específica, mas cada indivíduo eleva-se a ponto de
considerar-se "seu próprio Deus". Este conceito também nos remete a ideologia do
Mas em todas as variações, Lúcifer é visto como um ser que abriga
em si os opostos entre Luz e Trevas, e por conseqüência, o equilíbrio entre os
pólos. Este conceito é totalmente contrário a muitas religiões que possuem
figuras que representam os arquétipos de bem e mal de forma distintas. A
aceitação de uma única referência que é paralelamente Luz e Trevas, segundo os
adeptos, é a principal diferença do Luciferianismo em relação aos outros
sistemas religiosos. Dessa forma, não há um confronto entre "Deus x Diabo"; ao
contrário, há uma união dessas forças que são igualmente responsáveis e
necessárias para a evolução humana.
Quem é
Lúcifer?
Desde a Antiguidade, passando pelos filósofos e desembocando na
figura conhecida erroneamente como o "demônio cristão", diversos personagens da
mitologia e divindades cultuadas em inúmeras e distantes culturas, possuem
alusões a seres, sejam arquétipos ou concretos, que trazem consigo as
características conhecidas em Lúcifer. A literatura contemporânea também o
aborda amplamente, como as citações ocultistas de
Segundo o mito cristão, Lúcifer era o mais forte e o mais belo de
todos os Querubins e conquistou uma posição de destaque entre os demais. Porém,
Lúcifer tornou-se orgulhoso de seu poder e revoltou-se contra Deus. O Arcanjo
Miguel liderou as hostes divinas na luta contra Lúcifer e os
anjos o derrotaram e o expulsaram do
Reino do Céu. Mas a idéia de que Lúcifer rebelou-se contra o Criador e foi
expulso também está presente em outras culturas, além do Cristianismo.
Por ser o
"Portador da Luz", na Roma Antiga, Lúcifer foi associado ao planeta Vênus que,
devido sua proximidade com o Sol, pode ser visto ao amanhecer. O anjo também é
chamado de "Estrela da Manhã" e "Estrela d’Alva". Na Mitologia Romana era o
filho de Astraeus e Aurora, ou de Cephalus e Aurora. Entre os gregos, Lúcifer
pode ser associado com Apolo, o "Deus do Sol".
Nos estudos da
Demonologia, diferentes autores atribuem a Lúcifer
características comuns. No Dictionaire Infernale (1863) e no
Grimorium Verum (1517), é o "Rei do Inferno" responsável por assegurar
a justiça. No O Grimório do Papa Honório (século XVI ou XVII), Lúcifer
também assume a função de "Imperador Infernal". Lúcifer também é cultuado numa
variação da Wicca, sendo visto como o Deus do Sol e da Lua dos antigos
romanos.
Luciferianismo &
Satanismo
Apesar de popularmente Lúcifer e Satã serem quase sinônimos e
esta idéia estender-se ao Satanismo e ao Luciferianismo, há diferenças
primordiais entre eles e, por conseqüência, aos sistemas religiosos que os
cercam.
Ao longo dos séculos, estes dois personagens também foram
representados artisticamente de formas distintas. Por ser um anjo, Lúcifer, é
comumente retratado como um homem com asas e, por vezes, empunhando um cajado.
Enquanto Satã tem sua imagem associada ao homem com chifres e patas de cabra,
muito semelhante ao deus Cornífero (ou Pã), divindade masculina e símbolo de
fertilidade cultuada entre os pagãos.
Mas,
talvez a maior e mais significativa diferença entre ambos os conceitos,
encontra-se na origem das palavras. O termo Lúcifer origina-se no latim e
significa "O portador da Luz" (Lux ou Lucis = Luz + Ferre = Carregar). A palavra
Satã origina-se no hebraico, Shai'tan, e significa "Adversário"; podendo ser
também uma variação do nome da divindade egípcia Set-hen. Dessa forma podemos
deduzir que, genericamente, o Luciferianismo busca a Iluminação através de
Lúcifer. Enquanto o Satanismo pode caracterizar-se pela oposição, neste caso, ao
cristianismo. Assim, os luciferianos consideram que sua filosofia é um
"aprimoramento" do Satanismo, apesar de não ser tão conhecido quanto a doutrina
promovida por LaVey.
A combinação da imagem de Lúcifer ao "demônio cristão" foi
ocasionada por uma interpretação equivocada do livro de Isaías: "Como caíste
desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu
que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima
das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me
assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei
semelhante ao Altíssimo. E, contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do
abismo" (Isaías – Cap. XIV – Versículo XII a XV).
Este trecho narra as intenções do rei da Babilônia que almejava
tornar-se maior que Deus, mas São Jerônimo, que ao traduzir a Bíblia do grego
para o latim no século IV, associou esta passagem com Lúcifer e à serpente
tentadora, ou seja, a simbologia do diabo cristão. Anteriormente, Lúcifer não
havia essa relação. Tanto que, oficialmente, a Igreja não atribui a Lúcifer o
papel de diabo, mas apenas a condição de "anjo caído".
Magia, rituais e pactos
luciferianos
O Luciferianismo adotou diversas práticas ritualísticas e
cerimoniais de outros sistemas mágicos, caracterizando assim, uma corrente de
idéias próprias com objetivos distintos nesta doutrina. As influências sobre o
Luciferianismo variam de antigos rituais pagãos até os conceitos contemporâneos
do Satanismo.
Podemos citar como exemplos as chamadas práticas Internas e as
práticas Externas, que subdividem-se em Herméticas e Cerimoniais. A Magia(k)
(termo derivado da filosofia thelêmica) Interna é mais comum entre os
luciferianistas, pois atua diretamente no estado de consciência e no espírito do
praticante. A Magia(k) Externa é mais complexa e elaborada, exigindo uma série
de fatores como dia e horários pré-estabelecidos, um local adequado, vestimentas
e instrumentos próprios para efetuar mudanças no plano físico.
Neste caso, pode ser praticada solitariamente (Hermética) ou em
grupo (Cerimonial). Mas ambas são igualmente importantes entre os
luciferianistas, e o sucesso de uma modalidade interfere na outra.
É falso o conceito das chamadas Missas Negras, as quais seriam
paródias blasfêmicas das liturgias católicas, utilizando-se de urina e fezes
para substituir a hóstia e o vinho, recitando orações ao contrário e promovendo
orgias entre os praticantes. Também é irreal a idéia de sacrifício humano ou
animal. Neste caso, há apenas um sacrifício simbólico. Há ainda o conceito do
"pacto com o diabo" (muito comum na crendice popular), no qual o praticante
"vende a alma pro diabo" em troca de riquezas e sucesso. Sob a ótica
luciferianista, o único pacto aceitável é o compromisso consigo próprio de
buscar a iluminação espiritual utilizando-se da força da própria vontade.
Sensacional explicação, pois tem fundamento concreto!!!
ResponderEliminar